Castro de Romariz, uma joia arqueológica da transição do bronze e a idade do ferro - Portugal
O Castro de Romariz é um povoado fortificado datado do século V a.C. do qual foi identificada diversas fases de ocupação proto-histórica que vai até ao século I/II d.C.
Os trabalhos realizados, que abarcaram uma área com cerca de 2500 m2, puseram a descoberto um sítio arqueológico com uma cronologia entre o Bronze Final, ainda que os dados disponíveis apenas possibilitem uma melhor caracterização da fase de ocupação mais tardia. Os resultados dos trabalhos desenvolvidos no povoado parecem indicar que inicialmente, num período anterior ao século II a.C., as habitações seriam construídas recorrendo a materiais perecíveis, verificando-se, a partir desse momento, uma alteração para o uso do granito. Estas habitações posteriores, de formato circular, encontravam-se organizadas em torno de pátios, estando delimitadas por arruamentos irregulares mal definidos. Com a transição do período romano republicano para o período romano imperial o povoado sofre um conjunto de alterações, nomeadamente no que diz respeito ao urbanismo, melhor definição e pavimentação de alguns arruamentos, assim como das próprias habitações que dele fazem parte e nas quais se incluem a introdução, nas casas, de divisões e elementos tipicamente romanos (construção de espaços ortogonais, o rebocamento e pintura das paredes, assim como o recurso mais frequente ao uso de tegula e imbrex para a elaboração da cobertura dos edifícios). Estas modificações nos espaços habitacionais são visíveis na casa mais emblemática do castro. Na fase imperial procedeu-se à remodelação dos espaços pré-existentes e construção de novos, criando-se uma disposição marcada pela convergência para um pátio lajeado. Estas modificações nos espaços habitacionais são visíveis na casa mais emblemática do castro " a domus " uma casa castreja, que foi romanizada durante este período, atingindo, na sua fase final, 385 m2 (em que 228 m2 eram de área coberta). Aquando da sua construção, que se estima que terá ocorrido nos finais do século II/inícios do século I a.C.
Relativamente à organização dos espaços, os dados disponíveis parecem indicar para a existência de uma cozinha, além de espaços destinados à receção de visitas, de uma zona de estar, bem como de uma área que terá servido para guardar animais. Um dos compartimentos destaca-se pela presença no seu interior, de vestígios de alguns bancos que se situavam encostados à parede, o que poderá indiciar que este espaço terá servido, numa primeira fase, como zona de reuniões familiares.
O castro de Romariz dispunha de um sistema defensivo, composto por uma primeira linha de muralhas, que nalguns tramos atingia os 5m de largura, e que se destinava maioritariamente à defesa da zona mais desprotegida, a zona poente; uma segunda linha de muralhas; e um fosso, com aproximadamente 500m de comprimento, localizado na área Oeste/Sudoeste. É possível que, à semelhança de outros povoados castrejos no noroeste peninsular, tenha também existido no interior do povoado, um balneário, identificado no início do século XX, além de um forno, como também de uma pedra de grandes dimensões, possivelmente uma pedra formosa, contribuindo para esta conclusão da hipótese do balneário.
O seu espólio aqui resgatado é constituído por numerosas variedades de cerâmicas, vidros, metais, moedas e epígrafes, destacando-se um expressivo conjunto de cerâmica indígena, púnica, grega e romana e dois tesouros, conhecidos como o " tesouro de Romariz ", indicador da ergologia indígena, que deriva do intercâmbio regional e de longa distância que referenciam a riqueza do quadro cronológico e cultural do povoado, permitindo reconhecer a sua importância no contexto da cultura castreja do Noroeste Peninsular.
Trata-se de um dos castro, com mais relevância de entre Douro e Vouga, localiza-se no “Monte do Castro”, cerca de 500 metros de altitude. Romariz é uma povoação portuguesa, sede da Freguesia de Romariz, do Município de Santa Maria da Feira.
O Castro fica num planalto, com uma área aproximada de 16.000 m2. Soterrado durante vários séculos, foi casualmente descoberto em 1843 em virtude do achado de alguns objetos em ouro e prata. Procedeu-se, nessa altura, a algumas escavações, tendo sido postas a nu cerca de dúzia e meia de “casas” circulares e alguns objetos de pedra e barro. Como na altura, o principal motivo das escavações terá sido o de encontrar outros objetos de valor e, como estes não apareciam, a exploração foi abandonada. Durante cerca de um século ninguém ali mexeu. Em 1940 o pároco de Romariz, o erudito Padre Manuel Fernandes dos Santos, mandou proceder a escavações com o intuito de despertar o interesse das entidades responsáveis da altura, para o valiosíssimo tesouro, arqueológico que ali se encontrava soterrado, tendo novamente sido retomadas as escavações na década de 80. Segundo os responsáveis por estas explorações, estará neste momento, apenas a descoberto cerca de um quarto da área total do Castro.