A paz na Ucrânia nas costas da Europa e dos ucranianos

A paz na Ucrânia nas costas da Europa e dos ucranianos

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A paz na Ucrânia nas costas da Europa e dos ucranianos
Há três dias, o presidente norte-americano Donald Trump não escondia o seu optimismo sobre uma solução negociada para a guerra na Ucrânia. Esta quarta-feira, foi mais longe e disse ter tido uma longa conversa telefónica com Vladimir Putin para dar início a negociações. Objectivo imediato: um cessar fogo. Depois, delegações dos dois países começarão, de acordo com Trump, a encontrar as bases para um acordo de paz. Ainda segundo o presidente dos Estados Unidos, Putin quer que o processo seja conduzido pelo senso comum. Algo que Trump também defende. Se o anúncio se confirmar – e é preciso esperar sempre um pouco para que as declarações de Trump se clarifiquem -, entrámos num momento histórico. Depois de três anos de carnificina, o regresso da paz é uma grande notícia para o mundo. A história, porém, mostra-nos que há acordos de paz mentirosos e por vezes mais perigosos que a própria guerra. O Tratado de Versalhes pôs fim à Grande Guerra mas deixou as sementes do ódio para a II Guerra Mundial que foi ainda mais devastadora. Na Ucrânia, pode ser assim.  Vlodomir Zelensky já admitiu que a Ucrânia pode perder território. Se for a Crimeia, que historicamente é parte da Rússia, é uma coisa; se for o Donbass é outra – uma derrota. Para a Rússia, um acordo que lhe permita o controlo dos territórios ocupados – os mais ricos, por sinal – é suficiente para reclamar vitória. E alimentar o seu desígnio imperial. Nessa visão dos tempos do Czar, os estados bálticos, a Polónia ou a Finlândia não estão isentos de perigo. O fantasma do urso russo continuará a pairar sobre a Europa. O passo para a paz patrocinada por Washington não deixará de ser uma derrota diplomática para a Europa. A guerra é no continente europeu, e a União envolveu-se a fundo no conflito, mas no final do processo, é tratado como uma irrelevância. Uma vez mais, Trump mostra que olha para a Europa com o mesmo desdém que olha para o mundo: como um simples acessório da sua visão hegemónica da América. Para nos ajudar a reflectir sobre estas questões, convidámos José Alberto Azeredo Lopes. Ex-ministro da Defesa Nacional, professor de direito internacional do centro regional do Porto da Universidade Católica, Azeredo Lopes tornou-se uma voz indispensável para a leitura do conflito na Ucrânia. See omnystudio.com/listener (https://omnystudio.com/listener) for privacy information.